Depois da morte de Salomão, o povo de Deus se dividiu: Judá ficou ao sul, com as tribos de Judá e Benjamim, e Israel ao norte, com as outras dez tribos.
Jeroboão da tribo de Efraim, escolhido por Deus para governar esse novo reino, recebeu uma promessa extraordinária:
“Se fores fiel, como Davi foi, Eu te darei uma dinastia duradoura, como dei a ele” (1 Reis 11:38).
No entanto, em vez de confiar nessa promessa, Jeroboão tomou uma decisão que mudaria tudo.
A Bíblia chama essa escolha de “o pecado de Jeroboão” — um erro tão grave que virou referência para todos os reis maus depois dele.
Mas o que exatamente ele fez de tão grave?
O contexto por trás da decisão de Jeroboão
Jeroboão sabia que, segundo a Lei de Deus, o povo devia oferecer sacrifícios no lugar que o Senhor escolheria (Deuteronômio 12:5-6).
Esse lugar se tornou Jerusalém, depois que Davi conquistou a cidade e Salomão construiu o templo. (2 Samuel 5:6-7; 1 Reis 8:1).
Porém, Jerusalém ficava no território de Judá — agora um reino rival. E mesmo tendo recebido de Deus a promessa de uma dinastia duradoura, se fosse fiel (1 Reis 11:38), Jeroboão foi dominado pelo medo.
Temendo perder o controle, ele pensou:
“Se este povo continuar subindo para Jerusalém, o coração deles vai se voltar para Roboão” (1 Reis 12:26-27).
A preocupação do novo rei era grande, porque as grandes festas do calendário religioso — como a Páscoa, o Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos — exigiam que o povo subisse todos os anos a Jerusalém.
Era uma rotina que manteria viva a ligação entre as dez tribos e o templo do Senhor em Judá.
Esse foi seu primeiro grande erro: não confiar no Senhor, que o havia colocado no trono.
Então, para evitar que o povo fosse a Jerusalém, Jeroboão construiu dois santuários alternativos:
– Um em Betel, na fronteira com Judá, acessível ao sul de Israel;
– Outro em Dã, no extremo norte do país.
Ali, ele introduziu os bezerros de ouro e declarou:
“Eis aí teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito” (1 Reis 12:28).
Foi uma decisão política, prática… mas que violava diretamente a aliança com Deus.
Jeroboão escolheu a segurança do trono em vez da fidelidade ao Senhor.
O que exatamente foi o pecado de Jeroboão?
O erro de Jeroboão não foi apenas criar ídolos.
Ele reconfigurou completamente a adoração ao Senhor, criando um sistema religioso paralelo e conveniente. Veja como:
1. Jeroboão mudou o lugar de culto
Substituiu Jerusalém — o local escolhido por Deus — por Betel e Dã (1 Reis 12:29).
Desobedeceu a ordem de centralizar os sacrifícios (Deuteronômio 12:5-6).
2. Ele também Introduziu ídolos
Colocou bezerros de ouro em Betel e Dã e os apresentou como representações de Deus.
Foi uma repetição do erro do bezerro de ouro no deserto (Êxodo 32), algo que Deus havia claramente proibido (Êxodo 20:4).
3. Além disso, O rei de Israel Nomeou sacerdotes ilegítimos e desprezou a tribo de Levi, escolhida por Deus, colocando qualquer pessoa como sacerdote (1 Reis 12:31).
4. Jeroboão também Criou seu próprio calendário religioso
Instituiu uma festa no oitavo mês, parecida com a Festa dos Tabernáculos, mas fora do tempo determinado por Deus (1 Reis 12:32-33).
No fim, Jeroboão montou uma religião alternativa com aparência de fidelidade a Deus, mas que misturava idolatria, conveniência e manipulação política.
Ele teve a promessa de uma dinastia abençoada (1 Reis 11:38), mas preferiu controlar o povo a confiar na Palavra de Deus.
Conclusão
O pecado de Jeroboão não foi apenas uma decisão errada do passado.
Foi um divisor de águas na história espiritual de Israel.
A idolatria que ele instituiu se tornou o padrão para os reis seguintes,
até que o Reino do Norte foi destruído pelos assírios.
Jeroboão teve a chance de liderar com fidelidade —
mas escolheu moldar a fé ao seu interesse político.
E por isso, seu nome ficou marcado como símbolo de desvio e desobediência à Deus.
“E andaram nos pecados de Jeroboão […] até que o Senhor os tirou de diante da sua face” (2 Reis 17:21-23).