Acaz, o Rei que Vendeu Judá ao Império Assírio

Acaz foi o décimo segundo rei de Judá, governando por volta do ano 732 a.C., em uma das fases mais críticas da história do reino do sul.

Ele costuma ser lembrado como exemplo de idolatria e má liderança.

Enquanto reis como Ezequias e Josias marcaram a história com reformas espirituais e fidelidade a Deus, Acaz fez exatamente o oposto: desobedeceu ao Senhor e mergulhou Judá num ciclo de práticas pagãs e alianças perigosas.

Neste post, você vai entender de forma clara e bíblica como as escolhas de um líder podem colocar uma nação num abismo sem fim — e como isso mudou o destino de Judá para sempre.

Quem foi Acaz?

Acaz  governou Judá  por cerca de 16 anos, em um dos períodos mais críticos da história do reino do sul.

Ele era filho do rei Jotão e neto de Uzias — dois reis que foram considerados justos aos olhos do Senhor.

Ou seja, ele vinha de uma linhagem que preservava a fé no Deus de Israel. Mas, ao contrário de seus antepassados, Acaz escolheu seguir outro caminho.

O nome “Acaz” significa “ele segurou” ou “ele agarrou” — uma possível alusão ao seu desejo de controlar o poder a qualquer custo.

E isso se refletiu nas alianças políticas e decisões religiosas que ele tomou.

O Reino Ameaçado

Imagine governar um país pequeno, cercado por potências estrangeiras, e tendo que escolher entre resistir, se aliar ou se render.

Esse era o dilema de Judá quando Acaz subiu ao trono.

Por volta de 732 a.C., o cenário era tenso. O império Assírio estava em plena expansão, dominando nações com violência brutal.

Ao sul, o Egito tentava manter alguma influência. E ao norte, Israel e a Síria (Arã) formavam uma coalizão para resistir aos assírios — e esperavam que Judá se unisse a eles.

Mas Acaz recusou.

A recusa provocou a ira dos vizinhos.

Israel e Síria marcharam contra Judá, dando início ao que ficou conhecido como a Guerra Siro-Efraimita.

Jerusalém foi sitiada. O povo entrou em pânico. E Acaz, sem confiar na proteção divina, tomou uma decisão desesperada: pedir ajuda ao pior inimigo.

É nesse momento que o profeta Isaías entra em cena, levando uma mensagem de Deus: “Se vocês não crerem, certamente não subsistirão” (Isaías 7:9). Era um chamado à fé no Senhor — mas Acaz escolheu outro caminho.

Em vez de confiar no Deus de seus antepassados, ele confiou no poder da Assíria. E assim, abriu as portas de Judá para o império que destruiria tudo.

A Aliança Que Custou Caro


A decisão de Acaz de pedir ajuda à Assíria está registrada em 2 Reis 16:7-9 e 2 Crônicas 28:16-21.

Em vez de clamar a Deus, ele enviou mensageiros ao rei assírio Tiglate-Pileser III, dizendo: “Eu sou teu servo e teu filho. Sobe e livra-me da mão do rei da Síria e da mão do rei de Israel, que se levantam contra mim.”

Para selar o acordo, Acaz retirou prata e ouro da casa do Senhor e dos tesouros do palácio real, enviando tudo como presente ao monarca assírio.

Tiglate-Pileser aceitou, atacou a Síria, matou o rei Rezim e levou muitos cativos. Judá, por um momento, respirou aliviada. Mas o preço dessa aliança foi alto.

A “ajuda” assíria significou submeter Judá a um estado de vassalagem.
Acaz teve que pagar tributos regularmente, e, pior ainda, abriu as portas para a influência religiosa estrangeira.

Quando foi a Damasco encontrar o rei assírio, Acaz viu um altar pagão e mandou o sacerdote Urias construir uma réplica no Templo do Senhor (2 Reis 16:10-11).

Esse ato foi um escândalo espiritual: o altar original, instituído segundo as orientações divinas, foi deslocado, e o novo altar pagão passou a ser o centro das ofertas.

A idolatria deixou de ser algo escondido e se tornou parte oficial do culto em Jerusalém.

Além disso, Acaz sacrificou seus próprios filhos no fogo (2 Crônicas 28:3), seguindo os costumes das nações que Deus havia condenado.

O profeta Isaías já havia advertido que confiar na Assíria traria humilhação (Isaías 8:5-8).

E não demorou para que essa profecia começasse a se cumprir: embora a ajuda inicial tenha salvado Judá do cerco imediato, o reino passou a viver sob constante pressão, pagando caro por uma falsa segurança.

O Legado Amargo de Acaz

Por fim, as escolhas de Acaz resultaram em um alto preço para seu país.

Sua recusa em confiar no Senhor trouxe desastre após desastre para Judá.

Primeiro, o exército da Síria, liderado por Rezim, o derrotou e levou muitos prisioneiros para Damasco (2 Crônicas 28:5).

Logo em seguida, o rei de Israel, Peca, filho de Remalias, matou 120 mil soldados de Judá em um só dia e levou 200 mil mulheres e crianças como cativos — apenas devolvidos graças à intervenção profética em Samaria (2 Crônicas 28:6-15).

Mas as derrotas não pararam por aí. Os edomitas atacaram e levaram cativos (2 Crônicas 28:17). Os filisteus invadiram e tomaram diversas cidades, estabelecendo-se nelas (2 Crônicas 28:18).

Pressionado de todos os lados, Acaz buscou auxílio no rei assírio Tiglate-Pileser III, enviando ouro e prata do Templo do Senhor como pagamento (2 Reis 16:7-8). Mas, em vez de ajudar, o rei da Assíria o afligiu ainda mais (2 Crônicas 28:20).

Ao invés de se humilhar diante de Deus, Acaz se afundou ainda mais na idolatria. Ele sacrificou aos deuses de Damasco, fechou as portas do Templo do Senhor e levantou altares em todas as esquinas de Jerusalém (2 Crônicas 28:22-25).

Seu reinado se tornou um retrato de como a infidelidade e a confiança em alianças humanas levam ao colapso espiritual e político.

Acaz morreu sem honra, sendo sepultado na cidade de Jerusalém, mas não nos túmulos dos reis de Judá (2 Crônicas 28:27).

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