Perto do fim do livro de Gênesis e o inicio do Êxodo, Jacó — neto de Abraão — desceu ao Egito com toda a sua família para escapar da fome que devastava Canaã.
Ali, os filhos de Israel se multiplicaram e prosperaram por gerações.
Mas o tempo passou, e o Egito mudou.
Um novo Faraó, que não conhecia José, temeu o crescimento desse povo estrangeiro… e o escravizou.
Os hebreus foram forçados a construir cidades como Pitom e Ramessés, nas margens do delta oriental do Nilo — região identificada por muitos como Gósen.
Ali, entre o trabalho forçado e a opressão, nasceu Moisés.
E ali também começou uma das maiores jornadas da história humana.
Deus levantou Moisés e seu irmão Arão com uma missão: libertar o povo.
A resistência do faraó — identificado por alguns estudiosos como Ramsés II — desencadeia as dez pragas, um confronto direto entre o poder do Deus Criador e a força do império.
Após a última praga, o Faraó finalmente cedeu.
Naquela noite, os hebreus deixaram o Egito apressadamente , dando início ao Êxodo.
A Fuga para o Deserto
Os israelitas partiram de Ramessés, no Delta do Nilo, região conhecida por seus depósitos e cidades-armazéns construídas pelos próprios hebreus escravizados. (Êxodo 12:37; Números 33:5)
Seguiram até Sucote, onde Deus começou a guiá-los de forma visível: uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, símbolo de Sua presença constante (Êxodo 13:20–22).
(Assista todo o trajeto no vídeo abaixo)
Em seguida, acamparam em Pi-Hairote, diante do Mar Vermelho.
Foi ali que ocorreu o milagre que definiu uma nação: as águas se abriram, e Israel atravessou o mar em terra seca, enquanto o exército egípcio era engolido pelas ondas
(Êxodo 14; Números 33:8).
O local é tradicionalmente associado a uma enseada do Golfo de Suez, embora alguns estudiosos apontem para o Golfo de Aqaba.
Depois da travessia, o povo chegou a Mara, onde as águas eram amargas.
Ali, Moisés clamou ao Senhor, e Deus as tornou doces, um sinal de provisão divina em meio ao deserto
(Êxodo 15:23–26).
Logo depois, acamparam em Elim, um oásis com doze fontes de água e setenta palmeiras — um breve descanso na longa jornada
(Êxodo 15:27).
Ao avançarem para o Deserto de Sim, entre Elim e o Sinai, o povo murmurou de fome.
Então o Senhor enviou maná e codornizes, sustentando-os de maneira sobrenatural
(Êxodo 16).
Em Refidim, os israelitas enfrentaram os amalequitas, um povo nômade inimigo.
Moisés manteve suas mãos erguidas, e enquanto elas permaneciam levantadas, Israel vencia
(Êxodo 17:8–16).
Finalmente chegaram ao Monte Sinai — também chamado Monte Horebe ou Jebel Musa, na península do Sinai.
Ali, Deus revelou Sua Lei, os Dez Mandamentos, e firmou uma aliança com o povo
(Êxodo 19–20).
Foi nesse mesmo período que Moisés recebeu instruções para a construção do tabernáculo, o santuário portátil que acompanharia Israel
(Êxodo 25–30).
No deserto, setenta anciãos foram escolhidos para auxiliar Moisés no governo espiritual e civil da nação
(Números 11:16–17).
A Longa Jornada até Canaã
Após o Sinai, os hebreus seguiram rumo a Eziom-Geber, na fronteira do Golfo de Aqaba, passando em paz pelas terras dos descendentes de Esaú e de Amom
(Deuteronômio 2).
Em Cades-Barneia, Moisés enviou doze espias para observar a Terra Prometida.
Dez deles voltaram com medo, e o povo se rebelou contra o Senhor, recusando-se a entrar em Canaã.
Por causa dessa incredulidade, Deus os condenou a vagar 40 anos pelo deserto, até que toda aquela geração perecesse
(Números 13:1–33; 14:1–35; 32:8; Deuteronômio 2:14).
Durante esse período, Israel acampou entre o Deserto de Parã e o Deserto de Zin, evitando guerras desnecessárias com Edom e Moabe
(Números 20:14–21; 22–24).
Quando chegaram ao Ribeiro de Arnom, o cenário mudou:
os amorreus atacaram Israel — e foram completamente derrotados
(Deuteronômio 2:24–37).
O Fim da Jornada e o Legado
Por fim, no Monte Nebo, do outro lado do Jordão, Moisés contemplou a Terra Prometida e pronunciou seus três últimos discursos ao povo
(Deuteronômio 1–32; 34:1–4).
Dali, pôde ver as colinas de Canaã, mas não entrou nelas.
Em seguida, o povo acampou nas planícies de Moabe, às margens do Jordão, onde Deus ordenou que dividissem a terra e expulsassem os povos pagãos
(Números 33:50–56).
Então veio o momento final: a travessia do Rio Jordão.
As águas se abriram novamente, e o povo de Israel atravessou em terra seca, carregando a Arca da Aliança
(Josué 3:1–17).
Ali, em Gilgal, doze pedras foram erguidas como memorial
(Josué 4:1–9).
A primeira cidade conquistada foi Jericó, onde as muralhas ruíram após sete dias de marcha e o som das trombetas
(Josué 6).
Assim se cumpriu a promessa feita séculos antes a Abraão:
seus descendentes finalmente entraram na Terra Prometida —
uma nação liberta, moldada pelo deserto e guiada pela presença de Deus.
Conclusão
A história do Êxodo não é apenas o relato de uma fuga,
mas o nascimento de um povo e de uma fé.
Ela deu origem à Festa da Páscoa, que recorda a libertação do Egito
(Êxodo 12:24–27),
e que mais tarde se tornaria a base espiritual da Páscoa cristã,
celebrando a libertação do pecado.
No cristianismo o Êxodo é, ao mesmo tempo, história e metáfora —
um caminho de escravidão para liberdade,
de desespero para promessa,
e da escuridão para a presença viva de Deus.
