A história de Rúben é marcada por privilégios, falhas e consequências. Como filho primogênito de Jacó, ele deveria ter herdado a liderança e a bênção da família, mas uma decisão impensada mudou completamente seu destino.
Neste artigo, vamos explorar a trajetória de Rúben, seus atos de bravura e fraqueza, e o impacto de suas ações como patriarca de uma das doze tribos de Israel.
Rúben O Filho Primogênito de Jacó
Rúben foi o primeiro filho de Jacó, sua mãe era Lia, a esposa menos favorecida (Gênesis 29:32).
A Bíblia diz que quando Jacó fugiu para Padã-Harã para escapar da ira de Esaú e encontrar uma esposa entre seus parentes, se apaixonou por Raquel e fez um acordo com Labão (seu tio e pai da moça) para casar-se com ela.
No entanto, Labão o enganou e lhe deu Lia sua irmã mais velha. Depois de firmar outro acordo, Jacó se casou com Raquel, mas as constantes disputas e a intensa rivalidade marcaram a relação entre as duas irmãs.
Jacó amava Raquel, enquanto Lia sofria rejeição, mas Deus a abençoou com fertilidade, enquanto Raquel era estéril. Nesse cenário, nasceu Rúben filho primogênito de Jacó.
O nome Rúben, em hebraico, significa literalmente “veja, um filho”, e está em conexão com a declaração feita por Lia no momento do seu nascimento: “Porque o Senhor viu a minha aflição. Por isso, agora me amará o meu marido” (Gênesis 29:32).
A Importância do Primogenitura
No contexto cultural e social da época, o primogênito detinha privilégios significativos: a liderança familiar, a herança dobrada e, muitas vezes, a autoridade espiritual e econômica dentro da família.
Sendo assim, as pessoas naturalmente olhavam a posição de Rúben com expectativas elevadas.
No entanto, a sua trajetória revela como escolhas pessoais e momentos de fraqueza podem ter consequências profundas, afetando não apenas o indivíduo, mas também sua descendência.
O Pecado que Custou a Primogenitura
O maior erro de Rúben foi ter se deitado com Bila, a serva de Raquel e concubina de seu pai (Gênesis 35:22). Essa atitude desrespeitou diretamente a autoridade de Jacó e violou os preceitos de honra e respeito que deveriam guiar as relações familiares, sendo vista como uma grave transgressão.
Jacó não mencionou esse pecado imediatamente, mas no leito de morte, declarou:
“Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor… porém, instável como a água, não serás o mais excelente, pois subiste ao leito de teu pai e o profanaste.” (Gênesis 49:3-4)
Essa declaração definiu o destino de Rúben: ele perdeu a primogenitura, e seus irmãos assumiram seu lugar — José recebeu a bênção da herança dobrada (1 Crônicas 5:1-2), enquanto Judá assumiu a liderança do clã de Israel.
O Papel de Rúben na História de José
Apesar de sua falha, Rúben demonstrou certo senso de responsabilidade em outros momentos.
Quando os irmãos planejaram atacar José, Rúben interveio para impedir sua morte. Ele propôs jogá-lo em uma cisterna, planejando resgatá-lo mais tarde (Gênesis 37:21-22).
No entanto, enquanto estava ausente, os irmãos venderam José como escravo, frustrando seu plano de salvá-lo.
Mais tarde, quando os filhos de Jacó foram ao Egito buscar mantimentos e encontraram o mesmo José como governador, Rúben ofereceu seus próprios filhos como garantia para levar Benjamim ao Egito (Gênesis 42:37). Isso mostra que ele ainda desejava provar seu valor e recuperar a confiança da família.
O Destino da Tribo de Rúben
A tribo de Rúben cresceu, mas nunca se destacou entre as tribos de Israel. Josué 13 estabelece que a tribo de Rúben recebeu propriedades no lado oriental do Jordão, junto com a tribo de Gade e a meia tribo de Manassés (Josué 13:8-23).
A Canção de Débora menciona os rubenitas como uma das tribos que hesitaram em se juntar a Baraque na batalha contra os invasores (Juízes 5).
Posteriormente, após a morte de Salomão e a divisão do reino, a tribo de Rúben se uniu às outras dez tribos do norte, recusando-se a aceitar Roboão, filho de Salomão, como rei e formando o Reino de Israel (1 Reis 11–12).
Alguns estudiosos sugerem que a ausência de uma bênção especial para Rúben por parte de Jacó resultou na transferência dessa bênção para outras tribos, como Manassés e Efraim, descendentes de José. Embora isso seja uma possibilidade, não há uma confirmação direta nas Escrituras.
Conclusão
A história de Rúben é uma poderosa lição sobre as consequências das escolhas. Embora tivesse nascido com grandes privilégios, sua impulsividade e falta de autocontrole o fizeram perder sua posição de destaque. Sua tribo seguiu um caminho semelhante, tornando-se cada vez menos relevante na história de Israel.
O legado de Rúben, nos lembra que não basta ter uma posição privilegiada; são as decisões que tomamos que definem nosso futuro.